Perdão

Desculpa, meu amor

Pelas noites mal dormidas

Pelas conversas sofridas

Desculpa eu não te perdoar

Simples assim

"Isso significa que vocês se amam!"

Reação de uma criança ao compreender pela primeira vez um casal gay.

Simples assim.

"[...] sempre serei seu pai e você, orgulhosamente, um pedaço de mim"

Com toda a simplicidade que lhe é peculiar, Toninho Cerezo deu um baita exemplo do que é o AMOR. De origem humilde, Toninho mostrou que 1: origem humilde não pode ser desculpa para a ignorância e 2: é mais avant-garde do que muita elite fiasquenta que fala, fala, mas na hora de encarar, corre pra toca.

"Leandro ou Lea, menino ou menina, não importa mais, sempre serei seu pai e você, orgulhosamente, um pedaço de mim", disse Toninho.

"Meu menino, minha menina, pra sempre, eternamente os dois serão meus", comentou o ex-jogador, que afirmou perceber diferenças no comportamento da filha desde que ela era criança.

"Apesar de perceber as diferenças, percebi também que nada poderia fazer, e tudo que poderia dar a ele/ela era o meu amor incondicional", comentou sobre a modelo, que está entre as 40 mais importantes do mundo e se prepara para fazer a cirurgia de mudança de sexo.

Em teu nome...

Telão montado no centro da Casa de Cultura Mário Quintana com uma sessão aberta e comentada de "Em teu nome..." de Paulo Nascimento. Programação especial comemorativa dos 10 anos do Rodacine.

AMO esta parte da cidade! Queria tanto ter uma sessão aberta toda semana para ir!

Agora imagina, é uma tela, um sistema de som e algumas cadeiras de plástico. Muitas pessoas ficariam até mais tarde nos bares que poderiam patrocinar o som – caso o estado não possa fornecer – e é cinema na rua, olha o luxo!

A despeito de tudo o que se diga da história do Bona Garcia, o cara foi torturado e sobreviveu. É preciso licença poética na hora de ver um filme para não virar um militante carrancudo. Ou "O que é isso companheiro?" também é literal?

"Em teu nome..." é um filme antes de mais nada belíssimo. Tem uma fotografia impecável e sugere diversas situações. Definitivamente não foi feito para registrar um fato histórico, tampouco foi feito para chocar. Foi feito para tocar. E toca, profundamente. Tanto remexendo nas chagas da mórbida ditadura ou simplesmente mostrando o retrato atemporal de uma juventude que sonha. Sonha e é constantemente jogada numa realidade duríssima.

Saí emocionadíssima do filme, literalmente aos prantos. Aliás, eu não saí, o filme é que terminou, porque eu continuei por lá.

Leo Machado deu o tom perfeito ao personagem. Sutil e muito, muito comovente. Sem aqueles exageros bem comuns no nosso cinema. Aliás, uma coisa que pode-se dizer é que nos filmes da Accorde há sempre mais de um núcleo de atores e há sempre uma qualidade muito alta nas atuações. Mérito da direção de Paulo, ou da produção de elenco, eu não sei. Mas esse detalhe já havia me chamado a atenção. Os amigos, o vizinho, o delegado, todo mundo está bem. Diferentemente da maioria dos filmes de orçamentos bem mais generosos, onde gasta-se metade da verba pra colocar um global no elenco e depois esvazia-se as agências de atores com qualquer coisa para preencher o restante do elenco.

A última cena do filme me deixou um bom tempo ainda sentada na cadeira pensando sobre todas as possíveis voltas que nunca aconteceram.

Pena que demorei tanto para ver o filme. Confesso minha birra com o cinema nacional. Hoje mordi bonito a língua.

Eu adorei e fiquei felicíssima de ter me desbancado de casa pro centro correndo pra não perder a sessão.